AMOR DE OUTONO

Sempre que venho fazer minha caminhada pelo parque eu o vejo. O que me chama a atenção, é que ele está com uma criança, deve ser seu neto. Um dia lhe mostra as árvores, outro dia mostra os peixes do lago, naturalmente ensinado-o a amar a natureza.

Nesse dia está só, sentado num banco, talvez esperando alguém.. Mais uma volta e termino a caminhada. Passo por ele, me cumprimenta, respondo timidamente. Ele pede que me sente ao lado dele, já que terminei a caminhada. Estranho e ele diz que tem me observado, sabe o horário que chego e por quanto tempo caminho. Nos apresentamos, conversamos bem pouco e logo me despeço.

No outro dia, volto e lá está ele sentado, passo, nos cumprimentamos novamente. Na última volta, me pede para sentar, conversamos. Assim, um dia após o outro, ele já não me pede para sentar, eu mesma vou até ele, nossa conversa dura um pouco mais. Falamos de tudo, dos tempos de hoje, dos tempos de ontem, de musica, literatura. Quando nos despedimos sua mão segura a minha por mais tempo, depois a beija.

Cada dia um novo contato, nos despedimos com beijos no rosto, com um abraço forte, até acontecer nosso primeiro beijo. Não consegui descrever para mim mesma a emoção que senti, meus olhos encheram-se de lágrimas e eu percebi que estava gostando muito dele. Mais um encontro e ele se declarou, me amava, amava como se fosse um garoto, e me desejava como um homem. Não tinha mais como esconder, eu também o amava. Não podíamos mais nos conter, fomos para o motel.

No início estava tímida, mas ele revelou-me mais um traço seu encantador: o de sedutor! Levou-me por um caminho já percorrido e só agora percebi as flores, a luz, o perfume que nele existiam.. E transformei-me em uma mulher apaixonada que conseguiu soltar seu desejo, sua paixão e o arrebatamento de um êxtase jamais vivido.

Agradeci a ele a chance que me deu de uma felicidade plena, compartilhada com um príncipe que se desencantou e se tornou o homem que fez de mim uma mulher.